Doença acomete mais de um milhão de brasileiros e número deve dobrar até 2030
*Por Laís Jimenez e Dra. Gislaine Gil
Xi, esqueci! Essa frase parece corriqueira entre as pessoas de mais idade, mas existe algo muito maior que envolve esse tal “esquecimento”. É comum ouvirmos dizer que as pessoas idosas estão com sintomas de “velhice”, coisas normais para a idade, porém, não é bem assim. Atualmente, mais de um milhão de brasileiros foram diagnosticados com demência por doença de Alzheimer, e o mais preocupante: o número deve dobrar até 2030, de acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer. Mas, afinal, o que é essa doença? Por que ela acontece? Como se prevenir? Existe tratamento? E a pergunta, talvez, mais difícil: Como conviver com a pessoa com Alzheimer?
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva, que provoca a alteração das funções cognitivas – memória, orientação, atenção e linguagem – a partir da morte de células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses). A causa ainda é desconhecida, mas os estudos têm levado em conta fatores genéticos e outros fatores que, indiretamente, contribuem para o quadro, como: sedentarismo, tabagismo, hipertensão, colesterol alto, diabetes e o próprio envelhecimento. Portanto, a melhor forma de prevenção é manter uma vida com hábitos saudáveis, incluindo rotinas de exercícios, alimentação equilibrada, sem vícios e com atividades intelectuais que estimulem o cérebro, como a leitura, e programas de estimulação cognitiva em grupo.
A medicina continua estudando um tratamento eficaz para o Alzheimer, mas até o momento, os medicamentos garantem apenas uma progressão mais lenta da doença e não a sua cura. O diagnóstico precoce, com avaliação médica e avaliação neuropsicológica, é fundamental para que haja melhor controle do quadro, pois ele apresenta três fases, basicamente caracterizadas pelos seguintes sintomas:
- Inicial: esquece palavras durante o discurso; perda de memória, principalmente de coisas que acabaram de acontecer; perder-se nas horas e nos dias da semana; não reconhece lugares familiares; dificuldade na tomada de decisões; inatividade ou desmotivação; mudança de humor, depressão ou ansiedade; age agressivamente em determinadas situações; perde interesse em atividades que antes despertavam prazer.
- Intermediário: esquece eventos recentes e nomes das pessoas próximas; não consegue mais viver sozinho, cozinhar, limpar ou fazer compras; precisa de ajuda com a higiene pessoal; dificuldade na fala avança; perde-se fora e dentro de casa e repete perguntas; distúrbios do sono; pode ter alucinações.
- Avançado: dificuldades para comer; aos poucos para de se comunicar; não reconhece amigos, parentes e objetos pessoais; não entende o que acontece ao seu redor; dificuldade para caminhar; incontinência urinária e fecal; demonstra comportamento inapropriado em público.
Conviver com o Alzheimer é um grande desafio, tanto para o portador da doença, quanto para os familiares. O fato de esquecer constantemente das pessoas e acontecimentos pode gerar um grande desgaste a todos os envolvidos. Por isso, fala-se em “mentiras terapêuticas”, que podem ser contadas ao paciente, a fim de amenizar seu sofrimento. Se o paciente pergunta por seus amigos e familiares que já faleceram, diariamente, o melhor a dizer é que estão viajando, por exemplo, ou que se mudaram para outro lugar e que estão bem, pois comentar o luto todos os dias é capaz de piorar ainda mais o quadro. É preciso lembrar que o Alzheimer é uma doença e o apoio e carinho da família são fundamentais para que todos enfrentem a situação da melhor forma possível. Rir das mesmas coisas como se fosse a primeira vez também é um ponto positivo, diz a neuropsicóloga Gislaine Gil, fundadora do Vigilantes da Memória.
Referência: https://www.segs.com.br/saude/192808-setembro-lilas-traz-conscientizacao-sobre-o-alzheimer?fbclid=IwAR23DNGAYz1Ypu_ZajB-bOdaOYMkw0w0fVOKZhsofT1TlHP_hjcfYOyvx_c#ath