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Realidade virtual promete ganhos cognitivos e motores em idosos com comprometimento neurocognitivo


Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP estão conduzindo um estudo pioneiro para investigar os efeitos de jogos de realidade virtual imersiva em idosos diagnosticados com transtorno neurocognitivo leve (também chamado de comprometimento cognitivo leve) ou formas iniciais de demência.


O ensaio clínico, registrado na plataforma brasileira de ensaios clínicos (RBR-2kk9vnh), envolve 32 participantes com mais de 60 anos, divididos em dois grupos: um grupo realiza sessões com óculos de realidade virtual (VR) usando jogos comerciais, enquanto o outro participa de um programa de exercícios físicos integrados a tarefas cognitivas. Cada intervenção acontece duas vezes por semana, durante sete semanas, com sessões de 45 minutos.


Entre os objetivos estão avaliar a melhora no controle postural, marcha, funcionalidade, cognição e humor. Para isso, o estudo usa testes como o mini-BESTest, o Dynamic Gait Index e o Montreal Cognitive Assessment (MoCA), além de questionários sobre ansiedade e depressão. Um diferencial é a análise do desempenho dos participantes nos próprios jogos, para medir engajamento e progresso.


Segundo a coordenadora Maristela Chaya, “o estudo busca verificar se os jogos comerciais, acessíveis e projetados para entretenimento, podem ser adaptados como ferramenta terapêutica eficaz para idosos”. A expectativa é que o grupo da realidade virtual tenha ganhos superiores em comparação aos exercícios tradicionais.


Além do potencial impacto clínico, o estudo também se preocupa com a aceitação da tecnologia por pessoas mais velhas. “Queremos entender se eles se sentem confortáveis e motivados a usar a realidade virtual, o que é crucial para a adesão”, explica Chaya.


Até o momento, cerca de 50% dos participantes já foram recrutados. O projeto conta com o apoio de fisioterapeutas e neuropsicólogos, que acompanham cada sessão para ajustar o nível de dificuldade e garantir a segurança dos idosos.


Os pesquisadores esperam que os resultados possam servir de base para políticas públicas voltadas ao envelhecimento ativo e à inclusão digital, ajudando a retardar o avanço de déficits cognitivos e motores e reduzindo custos futuros com cuidados avançados.


Referência Bibliográfica

Chaya, M., Bacha, J. M. R., Lagos, P., Terzian, V., Souza, A. C., dos Anjos, L., D’Andrea Greve, J. M., Magaldi, R. M., Gil, G., Busse, A. L., & Pompeu, J. E. (2025). The cognitive and motor effects of immersive virtual reality in individuals with neurocognitive disorder: Randomized controlled trial protocol. Clinics, 80, 100704. https://doi.org/10.1016/j.clinsp.2025.100704