É cada vez mais frequente ouvir pessoas se queixando de episódios de esquecimento. A grande questão é saber até que ponto eles são fruto da famosa “loucura do dia a dia” ou podem ser indício de perda efetiva da capacidade de armazenar e acessar informações.
Como está a sua memória?
Para entender melhor como funciona a memória e de que forma podemos preservá-la, o “Com você” conversou com a Dra. Gislaine Gil, neuropsicóloga pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, fundadora do Vigilantes da Memória e uma das coordenadoras do programa Cérebro Ativo, do Hospital Sírio-Libanês.
O que é memória
“Memória é tudo aquilo que nos faz ser o que somos. Pode ser uma lembrança visual, a recordação de um cheiro ou de um nome. Trata-se da capacidade de estocar uma informação no cérebro e, no momento necessário (que podem ser dias, meses ou anos), trazê-la de volta. É, portanto, a possibilidade de reter, armazenar e evocar ou recuperar informações.”
Constante modificação
“Nossas memórias não são fixas como uma fotografia. Elas se formam, ficam armazenadas e vão sendo reelaboradas, como um roteiro que vai mudando durante a vida, conforme vamos crescendo e passando por novas experiências. Quando o cérebro resgata essas informações, traz junto outras lembranças parecidas ou significativas, como se fosse um filme sendo reeditado. A memória nunca vai ser igual ao ‘fato’ original. Por isso, às vezes, quando irmãos comparam memórias, eles têm recordações diferentes.”
Faxina necessária
“Somos obrigados a deletar informações porque nosso cérebro é como um computador com capacidade limitada de armazenamento. A tendência é guardar fatos mais marcantes – ou seja, as experiências mais positivas e negativas - e aquilo de que temos mais necessidade. Na hora de limpeza, nosso cérebro costuma se livrar das memórias ‘neutras’, de menor importância.”
Excesso de informação
“O mundo atual nos fornece informações em excesso e temos de aprender a selecioná-las. Não podemos nos expor a tudo, não há CPU que aguente! Uma habilidade essencial hoje é saber organizar e priorizar informações. Caso contrário, a sobrecarga é terrível.”
Para quem tem queixas específicas, o que fazer?
Como dificuldade para memorizar nomes de pessoas, lembrar textos, dar recados e saber o local em qu edeixou objetos, entre outros problemas cotidianos, Dra. Gislaine Gil destaca que somente a aprendizagem de técnicas cognitivas cientificamente comprovadas pode trazer resultados. É aconselhável procurar tratamento em grupos de estimulação cognitiva, como o do Vigilantes da Memória.